Mãezinha querida, Paizinho do meu coração!
Não sei onde buscar as palavras diante de tanta emoção. Sonhava com esse dia, sonhava tanto. Sinto-me como se estivesse renascendo. Uma sensação de leveza indefinida. Voltar a falar aos seus corações, nessa condição, debaixo de um teto desse e sob uma chuva de vibrações como essa é qual se fosse um Paraíso, tudo o que alguém mais deseja, sei lá. Não tem definição.
Graças a Deus, mãezinha, nunca nos faltou a palavra de fé dentro de nosso lar e em nosso Intimo, que foi apenas, diria, “um pouco difícil” vencer a barreira do medo e ultrapassar as fronteiras do “outro mundo” onde Deus nos espera de braços abertos.
Foi como se eu tivesse tomado um choque mesmo e dal a condição de inconsciente, quase que total.
Quando meus olhos se abriram, abriu-se também para mim um horizonte imensamente desconhecido, onde a minha imaginação alcançava apenas as portas de entrada, deu para entender?
A gente quando está aí não pode nem pensar o que vem depois. Os anos de resgate e de prova dão em nossa mente uma excessiva lavagem para que os nossos preconceitos, nossos medos maiores não sejam interferências ameaçadoras em nossa trajetória de desenvolvimento e crescimento espiritual, através das dores em nossa vida na Terra.
Quando chega a hora do esclarecimento e da prestação de contas no mundo espiritual, de onde partimos e temos a volta com hora marcada, é feito em nós todo um processo de refazimento mental de modo que possamos compreender todos os motivos que nos fizeram deixar a família, enfrentar a saudade e continuar o caminho por aqui.
Não é nada fácil, para quem não vem consciente ao menos um pouco para essas realidades. Ainda estou convalescente e aceitando com disciplina a fase de adaptação. Tenho o apoio de muitos benfeitores, dentre aqueles que conhecemos há tanto tempo até nosso querido Wadyzinho, meu maior instrutor, desde que adentrai a colônia de refazimento onde recupero as energias. Esta colônia é ligada a essa Casa que hoje nos abriga. Quero levar ao Jorge meu amor mais profundo e a força para saber que aquela “sementinha” maravilhosa do nosso amor estará sob os seus cuidados melhor que se estivesse só comigo. Deus poderá ampará-lo para continuar trilhando sua vida sem que se culpe nunca de nada. Deve pensar muito nisso para que de hoje em diante seja mais feliz.
Leve até a vozinha Helena meu afeto mais profundo como também à Tia Jacinta. Quanto àqueles que ficaram, e que podem me representar junto de vocês no amor e na afeição de filhos iguais a mim, meus irmãos tão queridos, André e Adriano, o carinho daquela que parece distante, mas já se faz mais perto. E a Aninha, nossa Ana, Ana Helena, só agora posso entender a ligação tão forte e que pode me emocionar ainda mais. Estarei com ela, nos seus sonhos, durante o seu sono brevemente para que ela alivie a saudade tio profunda.
Espero poder falar mais dos outros, daqueles que deixei e que guardo lembranças carinhosas, por exemplo, nossa Ester tão querida, em outra oportunidade.
Já passei do tempo e mandam-me parar. Se pudesse, passaria agora o resto da vida escrevendo.
Só espero que o paizinho mais amado desse mundo possa, de agora em diante, botar mais em prática os conhecimentos que absorveu de interiorização em outras terras e que muito o ajudaram nos primeiros instantes de dor. Amo você papai, e só hão sinto tanto a sua falta, porque você sabe, já teve prova disso, estou sempre por perto!
E a você mamãe, minha princesa mais querida, a sua sabedoria pôde me auxiliar aqui. Tenho na mente todas as suas palavras que me fortalecem e reanimam.
A saudade é muito grande, mas a gente chega lá!
Um beijo da filha, neta, irmã e esposa.
Cristina
CRISTINA FÁTIMA DE CASTRO VILANOVA
A mensagem foi carinhosamente cedida pelos pais de Cristina, Adão Voitecosk Vilanova e Gilda Maria de Castro Vila-Nova, que disseram estar abertos a conversar com outras famílias que perderam seus entes queridos e que buscam uma consolação. O e-mail da Gilda é gildamc@uol.com.br.
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